... entreguem-se completamente a Deus, para que ele use vocês a fim de fazerem o que é direito. Romanos 6.13; NTLH
A essência da adoração é a rendição. “Rendição” não é uma palavra popular, quase tão malvista quanto a palavra “submissão”. Ela alude à perda, e ninguém quer ser um perdedor. Rendição evoca a desagradável idéia de admitir a derrota em uma batalha, perder uma competição ou capitular perante um adversário mais forte. A palavra é quase sempre utilizada num contexto negativo; criminosos capturados se rendem às autoridades.
Na civilização competitiva de hoje, somos ensinados a nunca desistir ou ceder — logo, não ouvimos falar muito de rendição. Se vencer é tudo, rendição é inconcebível. Preferimos contar sobre vitórias, sucessos, triunfos e conquistas, a falar de complacência, submissão, obediência e rendição. Mas render-se a Deus é a essência da adoração; é uma resposta natural ao maravilhoso amor e à miseri¬córdia de Deus. Nós nos entregamos a ele não por medo ou obrigação, mas por amor, porque ele nos amou primeiro (1 João 4.9,10,19).
Após passar onze capítulos do livro de Romanos explicando a respeito da incrível graça de Deus para conosco, Paulo nos exorta a render nossa vida completamente a Deus em adoração: Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira ado¬ração que vocês devem oferecer a Deus (Romanos 12.1; NTLH).
A verdadeira adoração — agradar a Deus — acontece quando você se entrega totalmente a ele. Repare que a primeira e a última palavra desse versículo são a mesma: oferecer.
A adoração consiste exatamente em oferecer-se a Deus.
O ato da rendição pessoal é conhecido de muitas formas: consagração, fazer de Jesus o seu Senhor, carregar a cruz, morrer para si próprio, submeter-se ao Espírito Santo. O que interessa é você fazê-lo, e não a forma de você chamar esse ato. Deus quer a sua vida — toda ela; 95% não é o suficiente.
Existem três barreiras que impedem a nossa total rendição a Deus: medo, orgulho e falta de compreensão. Por isso não percebemos quan¬to Deus nos ama, queremos controlar nossa vida e compreendemos erronea¬mente o significado de rendição.
Existem três barreiras que impedem a nossa total rendição a Deus: medo, orgulho e falta de compreensão. Por isso não percebemos quan¬to Deus nos ama, queremos controlar nossa vida e compreendemos erronea¬mente o significado de rendição.
Posso confiar em Deus?
A confiança é um ingrediente essencial para que você se renda. Você não irá se render a Deus, a menos que confie nele, mas você não tem como confiar nele até que o conheça melhor. O medo impede que nos rendamos, mas o amor lança fora todo o medo. Quanto mais você se der conta do quanto Deus o ama, mais fácil será você se render.
Como você pode saber que Deus o ama?
Ele dá vários indícios: ele diz que o ama; você nunca sai de sua vista; ele se preocupa com cada detalhe de sua vida; ele lhe deu a capacidade de desfrutar de todos os tipos de prazeres; ele tem bons planos para sua vida; ele perdoa a você; ele é carinhosamente paciente com você. Deus o ama infinitamente, mais do que você possa imaginar ( conferir em Salmo 145.9, Salmo 139.3.
Mateus 10.30, 1Timóteo 6.17b, Jeremias 29.11, Salmo 86.5, Salmo 145.8).
Mateus 10.30, 1Timóteo 6.17b, Jeremias 29.11, Salmo 86.5, Salmo 145.8).
A maior expressão desse amor é o sacrifício do Filho de Deus por você. Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores (Romanos 5.8 - NRSV). Se você quiser saber quanto importa para Deus, olhe para Cristo com os braços estendidos na cruz, dizendo: “Eis o tanto que eu o amo! Prefiro morrer a viver sem você!”. Deus não é um cruel feitor de escravos ou um valentão que usa a força bruta para forçá-lo a se submeter. Ele não tenta violar a nossa vontade, mas nos atrai delicadamente para si, de modo que nos ofereçamos a ele voluntariamente. Deus é amigo e libertador, e render-se a ele traz liberdade, não servidão. Quando nos rendemos completamente a Jesus, descobrimos que ele não é um tirano, mas um salvador; não um patrão, mas um irmão; não um ditador, mas um amigo.
Admitindo nossas limitações. Uma segunda barreira para a total rendição é o nosso orgulho. Não queremos admitir que somos apenas criaturas e que não estamos no controle de coisa nenhuma. Esta é a mais antiga das tentações: Sereis como Deus! (Gênesis 3.5). Esse desejo — de ter o controle completo — é a causa de tanto estresse em nossa vida. A vida é uma luta, mas o que a maioria das pessoas não percebe é que, como Jacó, nossa verdadeira luta é com Deus! Nós queremos ser Deus, e não há nenhuma chance de ganharmos essa luta.
A. W. Tozer disse: “O motivo pelo qual muitos ainda estão angustiados, buscando e progredindo lentamente é que ainda não chegaram ao fim de si mesmos. Nós ainda tentamos comandar e meter o bedelho no trabalho que Deus realiza dentro de nós”.
Não somos Deus nem jamais seremos; somos humanos! É quando tentamos ser Deus que acabamos mais parecidos com Satanás, o qual quis a mesma coisa. Aceitamos nossa humanidade intelectualmente, mas não emocionalmente. Quando diante de nossas limitações, reagimos com irritação, raiva e ressentimentos. Desejamos ser mais altos (ou mais baixos), mais inteligentes, mais fortes, mais talentosos, mais bonitos e mais ricos. Queremos ter tudo e fazer tudo, e ficamos deprimidos quando isso não acontece. Então, quando percebemos que Deus deu a outros características que não temos, reagimos com inveja, ciúmes e autopiedade.
O que significa rendição.
Render-se a Deus não é resignação passiva, fatalismo ou desculpa para a preguiça. Não é resignar-se com a situação, mas significa exatamente o oposto: sacrificar a vida ou sofrer, a fim de mudar o que precisa ser mudado. Deus freqüentemente chama pessoas que se entregaram a ele, para batalhar em seu nome; render-se não é para covardes ou subservientes. Do mesmo modo, não significa desistir do raciocínio lógico; Deus não desperdiçaria a mente que lhe concedeu! Deus não quer ser servido por robôs. Render-se não é suprimir a própria personalidade;
Deus quer utilizar sua personalidade singular. Em vez de diminuí-la, render-se a aprimora. C. S. Lewis observou: “Quanto mais deixamos que Deus assuma o controle sobre nós, mais autênticos nos tornamos — pois foi ele quem nos fez. Ele inventou todas as diferentes pessoas que eu e você tencionávamos ser [...] É quando me viro para Cristo e me rendo à sua personalidade que pela primeira vez começo a ter minha própria e real personalidade”.
A rendição se manifesta mais claramente na obediência e na confiança.
Você diz “Sim, Senhor” a tudo o que ele lhe pede; dizer “Não, Senhor” seria uma contradição. Você não pode chamar a Jesus de Senhor, quando se recusa a obedecer. Após uma noite de fracassos na pescaria, Pedro foi um exemplo de rendição quando Jesus lhe mandou tentar novamente: Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes (Lucas 5.5- NVI). Pessoas que se entregaram a Cristo obedecem à Palavra de Deus mesmo que ela não faça sentido.
Outro aspecto da rendição total é a confiança.
Abraão seguiu as orientações de Deus sem saber aonde isso o levaria. Ana esperou o momento perfeito estipulado por Deus sem saber quando aconteceria. Muitos esperaram um milagre sem saber como seria possível. José confiou nos propósitos de Deus sem saber por que as circunstâncias se desenvolviam daquela forma. Cada uma dessas pessoas se rendeu completamente a Deus.
Você sabe que se rendeu a Deus quando depende dele para resolver as coisas, em vez de insistir em manipular outras pessoas, forçar sua programação diária e controlar a situação. Você larga mão e deixa Deus trabalhar. Você não tem de estar sempre “no controle”. A Bíblia diz: “Entregue-se ao SENHOR e espere pacientemente por ele” (Salmos 37.7a; GWT). Em vez de tentar com mais afinco, confie mais. Você também sabe que está entregue a Deus quando não reage a críticas ou não tem o ímpeto de defender-se. Corações entregues a Deus se destacam em relacionamentos. Você não pressiona os outros, não exige seus direitos nem é egoísta quando está entregue a Deus.
Para muitas pessoas, o mais difícil de entregar a Deus é o seu dinheiro. Elas pensam: “Quero viver para Deus, mas também preciso ganhar dinheiro suficiente para viver comodamente e me aposentar algum dia”. Aposentadoria não é o objetivo de uma vida entregue a Deus, porque ela compete com Deus para ser o principal alvo de cuidados em sua vida. Jesus disse: Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro e onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração (Mateus 6.21,24).
O mais importante exemplo de auto-rendição é Jesus. Na noite anterior à crucificação, Jesus se rendeu aos planos de Deus. Ele orou: Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres (Marcos 14.36; NLT).
Jesus não orou “Deus, se você puder retirar esta dor, faça-o por favor”. Ele já havia afirmado que Deus pode fazer qualquer coisa! Em vez disso, ele orou: “Deus, se for do teu interesse afastar este sofrimento, afasta-o, por favor. Porém, se o contrário cumpre o teu propósito, esse também é o meu desejo”.
Aquele que verdadeiramente se rendeu a Deus diz: “Pai, se este problema, dor, doença ou circunstância é necessário para a tua glória e o cumprimento do teu propósito na minha vida ou na vida de outro alguém, por favor, não o afastes”. Esse nível de maturidade não é facilmente alcançado. No caso de Jesus, ele ficou tão angustiado com os planos de Deus que suou sangue. Render-se é um trabalho árduo. No nosso caso, é uma intensa guerra contra nossa natureza egoísta.
A bênção da rendição. A Bíblia é clara como cristal a respeito de como você se beneficia quando rende sua vida totalmente a Deus. Em primeiro lugar, você sente paz: Pare de disputar com Deus! Concordando com ele, você ao menos terá paz, e as coisas irão bem para você (17 Jó 22.21; NLT). Em seguida, você se sente livre: Ofereça-se aos caminhos de Deus, e a liberdade jamais o abandonará [...] seus ensinos o libertam para viver abertamente em sua liberdade (Romanos 6.17,18; Msg ). Em terceiro lugar, você experimenta o poder de Deus em sua vida. Tentações persistentes e problemas avassaladores podem ser derrotados por Cristo quando estamos entregues a ele.
Quando Josué se aproximou da maior batalha da sua vida (Josué 5.13-15).
ele deparou com Deus, prostrou-se em adoração perante ele e rendeu-lhe os seus planos. Tal rendição levou a uma esmagadora vitória em Jericó. Este é o paradoxo: pela rendição veio a vitória. Render-se não o enfraquece, mas o fortalece. Entregue-se a Deus; você não tem de temer ou se render a mais ninguém. William Booth, fundador do Exército de Salvação, disse: “A grandeza do poder de um homem está na medida de sua entrega a Deus”.
Pessoas entregues a Deus são exatamente aquelas usadas por Deus. Deus escolheu Maria para ser a mãe de Jesus não por causa de seu talento, riqueza ou beleza, mas porque ela se havia rendido completamente a ele. Quando o anjo explicou o improvável plano de Deus, ela calmamente respondeu: Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra (Lucas 1.38; NLT). Nada é mais poderoso do que uma vida entregue nas mãos de Deus. Portanto entreguem-se inteiramente a Deus (Tiago 4.7a; NCV).
A melhor forma de viver
Todo o mundo, com o tempo, se rende a algo ou a alguém. Se não for a Deus, você se renderá às opiniões ou expectativas de outros, ao dinheiro, ao rancor, ao medo ou ao orgulho próprio, luxúria ou ego. Você foi feito para adorar a Deus e, se fracassar em adorá-lo, criará outras coisas (ídolos) para as quais entregará sua vida. Você é livre para escolher a quem se entregará, mas não é livre das conseqüências dessa escolha. E. Stanley Jones disse: “Se você não se rende a Cristo, se rende ao caos!”.
Render-se a Deus não é a melhor maneira de viver, é a única maneira de viver; nada mais funciona. Todas as outras vias levam à frustração, decepção e autodestruição. A King James Version (KJV) denomina a rendição a Deus vosso culto racional (Romanos 12.1; KJV). Outra versão traduz como a maneira mais sensata de servir a Deus (Romanos 12.1-CEV). Render a vida não é um tolo impulso emocional, mas um ato inteligente e racional; a atitude mais responsável e inteligente que você pode tomar em sua vida. Foi por isso que Paulo disse: Por isso, temos o propósito de lhe agradar (2Coríntios 5.9; NVI). Seus momentos mais sábios serão aqueles em que você disser sim para Deus.
Algumas vezes leva anos, mas por fim você descobre que o maior obstáculo às bênçãos de Deus em sua vida não são os outros, mas você mesmo — sua teimosia, seu orgulho obstinado e sua ambição. Você não pode cumprir os propósitos de Deus em sua vida enquanto estiver enfocando planos pessoais. Se Deus tiver de fazer uma profunda obra em sua vida, ela começará por aqui. Então entregue tudo a Deus: os arrependimentos do passado, os problemas do presente, as ambições do futuro, seus medos, sonhos, fraquezas, costumes, mágoas e traumas. Ponha Jesus Cristo na direção de sua vida e tire as mãos do volante. Não tenha medo; nada sob o seu controle poderá ficar descontrolado.
Controlado por Cristo, você pode dar conta de qualquer coisa. Você será como Paulo: Eu estou pronto para tudo e a altura de qualquer desafio através dele, que infunde uma força interior em mim; ou seja, sou independente na dependência de Cristo (Filipenses 4.13; Amp).
O momento da rendição de Paulo ocorreu na estrada para Damasco, após ele ter sido derrubado por uma luz ofuscante. Outros tiveram sua atenção capturada de formas menos dramáticas. Não obstante, render-se nunca é um acontecimento isolado. Paulo disse: Morro todos os dias (1Coríntios 15.31). Há o momento da rendição, e há a prática da rendição, que ocorre a todo momento e por toda a vida. O problema do sacrifício vivo é que ele escapulir do altar; então você provavelmente terá de renovar a rendição de sua vida cinqüenta vezes por dia. Jesus disse: Se as pessoas querem me seguir, elas precisam abrir mão de suas vontades. Elas precisam estar dispostas a negar sua vida diariamente para me seguir (Lucas 9.23; NCV).
Deixe-me dar-lhe um aviso: uma vez que você tenha decidido entregar sua vida inteiramente nas mãos de Deus, essa decisão será testada. Isso significa que algumas vezes será inconveniente, antipático, custoso ou uma tarefa aparentemente impossível. Significa que você freqüentemente fará o oposto do que deseja.
Um dos grandes líderes cristãos do século xx foi Bill Bright, fundador da Campus Crusade for Christ [Cruzada Estudantil e Profissio¬nal para Cristo]. Por meio da equipe da Cruzada ao redor do mundo, do panfleto As quatro leis espirituais e do filme Jesus (visto por mais de quatro bilhões de pessoas), mais de 150 milhões de pessoas vieram a Cristo e passarão a eternidade no céu. Certa vez, perguntei a Bill: “Por que Deus usa e abençoa tanto a sua vida?”. Ele respondeu: “Quando jovem, eu fiz um contrato com Deus. Eu verdadeiramente o redigi e assinei meu nome embaixo. Ele dizia: “Deste dia em diante, sou um escravo de Jesus Cristo”.
Você já assinou um contrato como esse com Deus? Ou você ainda está debatendo e lutando com Deus a respeito do direito que ele tem de fazer com sua vida o que quiser? Este é o momento de você se render — à graça, ao amor e à sabedoria de Deus.
Uma pergunta para meditar: Que área de minha vida estou evitando entregar nas mãos de Deus.